Esta é uma história de amor, acerca de uma mulher que ama profundamente alguém que não retribui o seu amor na mesma medida
Este desamor faz com que esta mulher, a nossa personagem principal, se torne vulnerável perante o homem que ama, o nosso personagem secundário, tal como conta o tema.
Começamos pela personagem principal, interpretada pela própria Mariza num registo performativo. Ainda que comece o filme igual a si própria, com uma figura imponente e poderosa num plano frontal e assertivo, vai-nos mostrando, gradualmente, o seu lado mais vulnerável, através da sua performance e através dos elementos que a rodeiam. À medida que o tema vai subindo de tom começa a chover no estúdio, de uma maneira cada vez mais intensa, o espelho de água deixou de ser liso para ser um espelho de água turbulento onde o reflexo já não é perfeito, o figurino e a make-up da personagem vão ficando cada vez mais depurados e simples, a câmara movimenta-se, também ela, de maneira cada vez mais dinâmica e com planos cada vez mais fechados, de maneira a tornar-nos cada vez mais próximos e íntimos com a personagem principal, sentindo assim de perto a sua crescente vulnerabilidade à medida que ela se vai deitando na água, enquanto canta.
O nosso personagem masculino, um homem de raça negra e também ele imponente, é, para começar, uma homenagem às raízes africanas da fadista. É, também, alguém capaz de criar um contraste cromático de impacto visual fortíssimo, pelo choque da pele clara e cabelo amarelo da Mariza com a pele negra e brilhante do personagem secundário. É, ainda, uma maneira de representar o equilíbrio, muitas vezes feito de contrastes, que existe numa relação, como em vários outros aspectos da vida, numa espécie de Ying-Yang. O plano frontal é o mesmo mas começa de costas para a câmara. A iluminação e registo cinematográfico será paralelo ao usado na personagem feminina. Os braços negros que aparecem no ambiente da personagem feminina também aparecem aqui mas são os da Mariza, em posições invertidas. O personagem masculino olha para os braços, baixa-se hesitante mas nunca toca os braços brancos.
Ainda que vivam ambos num imaginário pouco realista, os dois personagens encontram-se em ambientes distintos, cada um no seu elemento, sendo que o elemento da personagem feminina é a água enquanto que o do personagem masculino é a terra. A água (referências à letra: tempestade, lágrimas, faça chuva ou faça sol) é maleável mas poderosa enquanto que a terra é inerte.
No final do filme, estes dois elementos encontram-se, num penhasco filmado de cima, de maneira a ilustrar este choque e coexistência. Quando os dois personagens coexistem existe equilíbrio e o fim do filme surge precisamente no momento em que eles se vão encontrar para que, à semelhança do tema, esta fique uma história inacabada.
Realizador: Filipe Correia dos Santos
Director de Fotografia: Rodrigo Mateus
Director Criativo: Arlindo Camacho
Actor: Welket Bungué
Produtor: Leonardo António
Assistente de Produção: Daniela Pinto
Making of: João Carneiro
1º Assistente de câmara: Diana Amaro
2º Assistente de Câmara: Marta Ferreira
Chefe Electricista: Sérgio Pontes
Chefe Maquinista: Fernando “Fanã” Mendonça
Assistente Maquinista: José Baptista
Efeitos Especiais: Rui Alves
Efeitos Especiais: Tomás Schiappa
Cliente: Mariza / Ruela Music / Warner Music Portugal
Câmara: Arri Alexa
Lentes: Cooke S4
Making of: Filmado por João Carneiro, editado por Ruben José
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